sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ultrapassagens e golaços, um paralelo

Um golaço no futebol e uma bela ultrapassagem no automobilismo têm muito em comum, principalmente o fato de não serem comuns. Como momentos bonitos não acontecem sempre nessas modalidades, é fácil reconhecer quando há um lance digno de “pintura”: salta aos olhos e emociona de forma instantânea. Para o espectador, não é preciso raciociná-lo, basta senti-lo.

No automobilismo, uma ultrapassagem bonita não necessariamente significa vitória. O último colocado de uma corrida pode superar brilhantemente o penúltimo e o brilho da manobra não diminuirá. Claro, quanto mais forte for o adversário, maior o mérito de quem a executou. Mas a plasticidade mantém-se a mesma.

O mesmo é válido para o futebol. Um jogador pode fazer um golaço para um time que já levou seis naquele jogo e nem por isso seu gol deixará de ser belo. Se o golaço, porém, ocorrer na final de uma Copa do Mundo e for decisivo, a beleza simbólica do gol aumentará bastante.

Uma bela ultrapassagem acontece quando ninguém mais imaginava que seria possível ganhar posição em certo momento ou lugar e a surpresa entra em ação. Um exemplo é a manobra de Nelson Piquet, por fora, sobre Ayrton Senna no GP da Hungria de 1986. Não era esperado que Piquet conseguisse realizar aquilo e lá foi ele, chegando até a derrapar para segurar sua Williams. Também às vezes é bela uma ultrapassagem feita após um duelo feroz.



Já no futebol um golaço é aquele em que o talento individual ganha grande destaque, como ficou claro com Neymar ontem. O jogador do Santos pegou a bola e saiu driblando quem encontrasse pela frente e foi em direção ao gol, chutando de forma precisa, inclusive por baixo das pernas de um adversário, para o fundo da rede. O golaço também pode ser fruto de um trabalho coletivo e bem entrosado.



Sem golaços e sem belas ultrapassagens, futebol e automobilismo não seriam tão emocionantes e plasticamente bonitos. A sorte conta muito para o sucesso das jogadas e manobras, mas a capacidade humana é primordial. Nada disso seria possível sem ela.

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