A revista “Autosprint” publicou uma reportagem sobre o estado de espírito de Robert Kubica. O polonês declarou à revista se sentir muito melhor na Renault que se sentia na BMW, pois não recebia dos alemães o apoio considerado justo por ele e agora ele tem esse suporte na equipe cujas cores são o preto e o amarelo. Essas declarações levam a uma reflexão sobre a existência ou não de vínculos poderosos, que ultrapassem a esfera contratual, entre um piloto e uma escuderia atualmente.
Kubica fez parte do programa de desenvolvimento de jovens pilotos da Renault, criado em 2002, mesmo ano em que ele foi convidado para disputar a última etapa da F-Renault Brasil em Interlagos e exerceu domínio na prova. Mas defendeu a BMW de 2006 a 2009 na F-1 e com ela obteve uma vitória, em 2008, no Canadá. Só que, ao que parece, ele nunca foi muito feliz por lá. Ficou irritado em 2008, por exemplo, porque os alemães quiseram dar atenção ao carro do ano seguinte e deixaram de lado o desenvolvimento do F1.08, o que lhe tirou maiores chances de título.
Com a Renault, Kubica já foi uma vez ao pódio, no GP da Austrália, parece estar na equipe para a qual sempre poderia ter pilotado e dá a impressão de que tem grande identificação com ela. Mas só o tempo dirá se será uma parceria duradoura ou se a passagem de Kubica pela equipe será tão rápida quanto ele.
Fernando Alonso era outro que tinha uma grande ligação com a Renault. Detentor dos títulos de 2005 e 2006 com carros do esquadrão francês, ele aventurou-se pela McLaren em 2007, teve sérios problemas de relacionamento e voltou para onde se sentia em casa em 2008. Essa volta foi, porém, só uma ponte para ir à Ferrari em 2010. Alonso sempre será lembrado como um piloto bicampeão pela Renault, assim como Michael Schumacher ficou marcado por ganhar dois títulos com a Benetton, antecessora dessa mesma equipe. Mas é claro que os feitos do alemão com a Ferrari são mais valorizados que os com a Benetton, e o mesmo talvez aconteça com o espanhol.
Ainda há três grandes pilotos no grid que podem ficar na memória de todos como competidores feitos para determinadas equipes: Felipe Massa, da Ferrari, Lewis Hamilton, da McLaren, e Sebastian Vettel, da Red Bull. Eles não dão sinais de mudança de ares e caminham para chegar àquele estágio em que não é possível pensar no piloto sem vir à cabeça a equipe para a qual pilota.
A chave para um piloto tornar-se intrinsecamente ligado a uma escuderia é o tempo de permanência nela. Havendo fidelidade, o resto flui mais naturalmente. Mas existem casos em que excelentes resultados em um curto espaço de tempo são suficientes para que uma imagem fique marcada na cabeça de todos. Como falar de Jenson Button sem imaginar aquele carro da Brawn campeão de 2009? Se houver uma junção das duas coisas, ou seja, de grande tempo de permanência e de ótimos resultados, o vínculo será bastante poderoso.
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