segunda-feira, 19 de abril de 2010

A temporada dos extremos


Esta temporada da F-1 poder ser classificada como a dos extremos. As grandes variações de estilo de pilotagem, de idade e de orçamento dão o tom e são uma atração à parte na categoria.

É possível ver em 2010 dois pilotos com jeitos totalmente diferentes de guiar um carro e de encarar um GP. Os ingleses Jenson Button e Lewis Hamilton protagonizam na McLaren o duelo do “certinho” contra o “maluquinho”. Enquanto o atual campeão pilota sem forçar a barra e sabe como poucos como poupar pneus, o detentor do título de 2008 é arrojado, ousa em ultrapassagens e dá show. Mas nem sempre converte essa habilidade em resultados.

Por enquanto, Button leva a melhor em cima de Hamilton: já venceu duas vezes em quatro etapas seguindo à risca seu estilo e sendo inteligente na hora de traçar uma estratégia de corrida. O ex-Brawn é o líder do campeonato, com 60 pontos, e o eterno protegido de Ron Dennis é o quarto colocado, com 49.

Há uma disputa de jovens pilotos contra veteranos. Dois duelos são mais marcantes: o de Michael Schumacher (41 anos) contra Nico Rosberg (24) na Mercedes e o de Rubens Barrichello (37) versus Nico Hülkenberg (22) na Williams. O jogo está empatado: Rosberg arrasa Schumacher, mas Barrichello bate o estreante por quatro pontos. Já o heptacampeão está 40 pontos atrás do filho de Keke.

O último duelo é o entre equipes estabelecidas contra novatas. A tradicional McLaren está na ponta do Mundial de Construtores, seguida pela mais antiga ainda Ferrari. E as equipes novas, Hispania e Virgin, enfrentam sérias dificuldades com seus carros e chegar ao fim de um GP já é motivo de alegria para elas. A Lotus, apesar do tradicional nome, também pode ser considerada uma novata, já que não tem quase nada a ver com a antiga equipe de Colin Chapman, e igualmente passa por momentos difíceis.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bons companheiros, ninguém pode negar


A colega Carolina Canossa, da Gazeta Esportiva, escreveu no Twitter que havia uma passagem muito interessante na entrevista do piloto Bruno Senna publicada hoje pelo Tazio. Fui ao site do qual eu era repórter, ouvi a sonora e pude comprovar: o final reservou bons momentos de risada.

O sobrinho de Ayrton é companheiro de Karun Chandhok na Hispania, equipe tão estreante quanto os dois na F-1. Ambos já haviam sido parceiros em 2008, na iSport da categoria GP2, e foi quando o brasileiro “ensinou” o indiano a comer carne bovina, algo que não é bem aceito na Índia.

“Sempre tivemos um bom relacionamento, não é questão de competitividade da equipe”, disse. “A personalidade dos dois colabora para isso. Não sei se eu deveria dar dica de churrascaria a ele, porque ele não comia carne até 2008, quando o convenci a experimentar. A mãe dele quase o matou, é provável que ela me odeie. Acho que não fiz muitos amigos na família do Karun. Ele aprendeu a comer carne e agora gosta de hambúrguer.”

Até mesmo os jornalistas que entrevistavam Bruno deram muitas risadas após essa resposta.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vínculos poderosos entre piloto e equipe


A revista “Autosprint” publicou uma reportagem sobre o estado de espírito de Robert Kubica. O polonês declarou à revista se sentir muito melhor na Renault que se sentia na BMW, pois não recebia dos alemães o apoio considerado justo por ele e agora ele tem esse suporte na equipe cujas cores são o preto e o amarelo. Essas declarações levam a uma reflexão sobre a existência ou não de vínculos poderosos, que ultrapassem a esfera contratual, entre um piloto e uma escuderia atualmente.

Kubica fez parte do programa de desenvolvimento de jovens pilotos da Renault, criado em 2002, mesmo ano em que ele foi convidado para disputar a última etapa da F-Renault Brasil em Interlagos e exerceu domínio na prova. Mas defendeu a BMW de 2006 a 2009 na F-1 e com ela obteve uma vitória, em 2008, no Canadá. Só que, ao que parece, ele nunca foi muito feliz por lá. Ficou irritado em 2008, por exemplo, porque os alemães quiseram dar atenção ao carro do ano seguinte e deixaram de lado o desenvolvimento do F1.08, o que lhe tirou maiores chances de título.

Com a Renault, Kubica já foi uma vez ao pódio, no GP da Austrália, parece estar na equipe para a qual sempre poderia ter pilotado e dá a impressão de que tem grande identificação com ela. Mas só o tempo dirá se será uma parceria duradoura ou se a passagem de Kubica pela equipe será tão rápida quanto ele.

Fernando Alonso era outro que tinha uma grande ligação com a Renault. Detentor dos títulos de 2005 e 2006 com carros do esquadrão francês, ele aventurou-se pela McLaren em 2007, teve sérios problemas de relacionamento e voltou para onde se sentia em casa em 2008. Essa volta foi, porém, só uma ponte para ir à Ferrari em 2010. Alonso sempre será lembrado como um piloto bicampeão pela Renault, assim como Michael Schumacher ficou marcado por ganhar dois títulos com a Benetton, antecessora dessa mesma equipe. Mas é claro que os feitos do alemão com a Ferrari são mais valorizados que os com a Benetton, e o mesmo talvez aconteça com o espanhol.

Ainda há três grandes pilotos no grid que podem ficar na memória de todos como competidores feitos para determinadas equipes: Felipe Massa, da Ferrari, Lewis Hamilton, da McLaren, e Sebastian Vettel, da Red Bull. Eles não dão sinais de mudança de ares e caminham para chegar àquele estágio em que não é possível pensar no piloto sem vir à cabeça a equipe para a qual pilota.

A chave para um piloto tornar-se intrinsecamente ligado a uma escuderia é o tempo de permanência nela. Havendo fidelidade, o resto flui mais naturalmente. Mas existem casos em que excelentes resultados em um curto espaço de tempo são suficientes para que uma imagem fique marcada na cabeça de todos. Como falar de Jenson Button sem imaginar aquele carro da Brawn campeão de 2009? Se houver uma junção das duas coisas, ou seja, de grande tempo de permanência e de ótimos resultados, o vínculo será bastante poderoso.