Ontem marquei presença nas comemorações dos 70 anos de Interlagos. Entre as várias atrações das festividades, estava a distribuição de um anuário do qual escrevi a maior parte dos textos. Essa foi minha primeira publicação oficial sobre o autódromo, mas é sempre bom dizer que meu Trabalho de Conclusão de Curso da faculdade tratou de uma perspectiva mais intimista do circuito paulistano. E o relato que faço a seguir segue essa linha.
Fui a Interlagos pela primeira vez em 1995, quando ainda não tinha completado nove anos. Na verdade, garanti minha presença somente um dia antes do início dos treinos da F-1. Um tio meu trabalhava no Unibanco, patrocinador da etapa, e ele me arrumou três credenciais para o Orange Tree Club, no Laranjinha. Ele até poderia ter conseguido entradas para os três dias, mas na época consideramos o ideal ir apenas no sábado. Sei que deveríamos ter visto a corrida também, mas, enfim...
Eu e meu pai ficamos com duas credenciais. A outra iria para uma das minhas primas. As duas irmãs tiraram par ou ímpar e a mais velha, de sete anos na época, levou a melhor.
Em 25 de março de 1995, nós três, moradores da zona norte de São Paulo, fomos a Interlagos. Não me lembro onde estacionamos o carro, mas me recordo do portão principal do autódromo e do acúmulo de pessoas em frente a ele.
Quando entramos, fomos direto ao Orange Tree Club. Eu não fazia ideia do que esperar do circuito, mas minha primeira impressão foi boa: a visibilidade que tínhamos era ótima. Só que eu não sabia que curvas eram aquelas no miolo, pois eu só conhecia o S do Senna.
Não sei se vimos um treino livre ou somente chegamos a tempo de assistir à sessão classificatória. Mas a McLaren, ainda nas cores da Marlboro, chamou minha atenção. A torcida toda estava para Rubens Barrichello, da Jordan, mas o clima geral do autódromo era dos piores, porque era o primeiro ano sem Ayrton Senna. Rubinho bateu nas proximidades do Laranjinha e passou por perto da arquibancada onde estávamos, algo que foi marcante para mim.
Eu não entendia muito bem o que estava vendo, mas me apaixonei por aquilo de imediato. Um gesto gentil também me marcou muito: não havia conseguido pegar um exemplar da "Pole Position", revista distribuída gratuitamente em Interlagos anualmente, e um senhor resolveu me dar “de presente” a sua.
A partir daí não parei mais de acompanhar a Fórmula 1. Não fui ao GP Brasil de 1996, não sei por qual motivo, mas a partir de 1997 não perdi um sequer. Sobre a ida em 1997, juntei dinheiro de mesada e contribuí para a compra dos ingressos. Minhas duas primas fizeram o mesmo, e fomos juntos, acompanhados de nossos respectivos pais, ao autódromo. Desta vez sem par ou ímpar.