terça-feira, 31 de março de 2009

London calling

Escrevo neste momento de Londres, onde já são quase 17h. Das minhas atividades de hoje, a que mais me deixou positivamente impressionado foi visitar a National Gallery. Nem tanto pelo museu em si (que é de graça e bonito), mas mais por quem estava lá.

Não, não havia ninguém famoso. Mas muitas crianças visitavam o local com suas escolas e não tiravam os olhos dos monitores que explicavam os quadros. Elas aguentavam mais de 15 minutos sentadas no chão, diante de cada quadro, ouvindo as explicações. Além disso, davam suas opiniões e participavam das discussões.

No Brasil é exatamente assim. Depois de cinco minutos de monólogo do monitor, os moleques não estão mais nem aí e começam a bagunçar. Igualzinho...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Entrevista para GGOO


Dei uma entrevista para a GGOO, Galera do "G" Organizada do Orkut, da qual um dos membros é Augusto Roque, um dos entrevistados do "Em teu lar, Interlagos". Publico o ping-pong na íntegra.

GGOO - Conte-nos um pouquinho da relação do Andrei Spinassé (pessoa e jornalista) com o automobilismo e, principalmente, com o autódromo de Interlagos e o GP Brasil.

ANDREI SPINASSÉ - Não consigo me ver longe do automobilismo. É uma relação curiosamente iniciada em 1994, um ano fatídico para a F-1, quando eu tinha oito anos de idade. Minha primeira lembrança da categoria vem do GP Brasil daquele ano. Vi pela TV essa prova. A segunda coisa que me vem à cabeça é San Marino. Mas nada disso atrapalhou minha paixão. Tanto é que quis ver o GP Brasil de 1995 de perto. A partir de então, perdi poucas corridas. Já em 1997 eu sabia que gostaria de ser jornalista, e cobrir automobilismo foi prioridade antes, durante e depois da faculdade. Voltando à infância, minhas brincadeiras giravam em torno do esporte a motor. Cheguei a organizar um campeonato de carrinhos de rolimã de oito participantes, com regulamento até. Fui campeão (risos). Interlagos sempre foi para mim a concretização de um sonho: diferentemente das brincadeiras, aquilo era a realidade. Ver a F-1 de perto desde 1995 significou muito, e eu contava os dias para a prova. Cresci, mas meu gosto pela coisa não diminuiu. A diferença é que não posso mais brincar, pois trabalho com isso.

GGOO - Hoje praticamente qualquer pessoa pode expressar suas opiniões e expor seus conhecimentos através de blogs, fóruns e sites de relacionamento. Como jornalista, qual a sua visão sobre essa "democratização" da notícia pela internet? Isso ajuda ou atrapalha o seu trabalho?

ANDREI SPINASSÉ - Ajuda bastante. Eu mesmo era um forista e torcedor de arquibancada até pouco tempo atrás. Ou seja, conheço o outro lado. É claro que existem pessoas que só entram nesses sites para tirar um sarro, mas há gente séria e que entende. Para um jornalista especializado, é importante visitar esse tipo de página toda semana para saber o que os internautas acham das coisas. Na verdade, com isso sabemos se nosso trabalho é feito corretamente, porque nosso objetivo é transmitir mensagens da maneira desejada. Se houver ruídos no processo, existe algo errado. Os internautas são agentes de informação também, já que vasculham os diversos sites e escolhem dados interessantes, percebem detalhes que poderiam passar despercebidos. A “democratização” mais ajuda que atrapalha.

GGOO - O assunto do momento na F-1 é o assombroso desempenho da Brawn GP na pré temporada. Na sua opinião, este desempenho é verdadeiro ou fictício? Se confirmado esse rendimento na Austrália, você acredita em um possível título de Rubens Barrichello?

ANDREI SPINASSÉ - O desempenho é real, pois não vejo motivo para Ross Brawn fazer joguinhos com mídia e torcedores não tendo muito tempo de testes. Para mim, eles estavam dentro do regulamento, como o próprio Barrichello disse. Mas o brasileiro afirmou outra coisa que me deixou curioso: a Ferrari não fez simulação de classificação em Barcelona. Os italianos podem ter cartas guardadas. Supondo que essas cartas deixem o F60 em condição de igualdade com o BGP001, acredito mais na Ferrari, porque esta tem Kers, mais dinheiro e mais condições de melhorar ao longo do ano. Só acredito em título de Barrichello se a Brawn estiver mais de meio segundo mais rápida que qualquer outra. É bem provável que ela evolua menos que as adversárias durante a temporada.

GGOO - Qual a sua visão sobre essa radical mudança na forma de apurar o campeão mundial para 2009? Acha justo premiar apenas a vitória a qualquer custo?

ANDREI SPINASSÉ - Justo não é. Um campeonato é uma longa viagem, não um passeio de metrô. Mas essa regra foi descartada hoje (20 de março), e deveremos ter o mesmo sistema de pontos do ano passado. Na minha visão, dar o título ao maior vencedor de corridas foi uma medida política. A FIA e a FOM quiseram contradizer a Fota, a unida Associação das Equipes da F-1. Nesses últimos tempos, a Fota ganhou muita importância, e entendo que a FIA está insatisfeita e com medo de perder sua função na F-1, que é regulamentar o campeonato. Esse jogo de poder ainda vai longe...

GGOO - Quais são as suas previsões para a temporada 2009 da F-1?

ANDREI SPINASSÉ - Como todos dizem, é difícil apontar favoritos neste momento. Mas acredito em um ano repleto de abandonos, acidentes, e em uma volta por cima de Kimi Raikkonen. Felipe Massa terá de impressionar logo de cara, algo que não fez no ano passado. Se o finlandês vencer umas três vezes em seis corridas, apostaria nele. Se Massa fizer o mesmo, mudo meu palpite para o brasileiro. No entanto, como eu disse, se a Brawn detonar na Austrália, tem tudo para manter-se na condição de favorita.

GGOO - Comente, em linhas gerais, sobre: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet (pai), Ayrton Senna, Rubens Barrichello, Felipe Massa e Nelson Piquet (filho).

ANDREI SPINASSÉ - Pode ser uma frase para cada um? Emerson Fittipaldi: um campeão ideal para o país, porque reunia nele o que havia de melhor nas décadas de 1960 e 1970 do automobilismo brasileiro. Nelson Piquet: como diria Edgard Mello Filho, é um “cara do ramo”. Ayrton Senna: tornou-se quase um “parente” de cada brasileiro por ter sido tão intenso, talentoso e dedicado, criando uma relação de empatia com as pessoas. Rubens Barrichello: sempre foi um ótimo piloto, mas, principalmente durante a época de Ferrari, criou falsas expectativas e falou demais. Felipe Massa: um piloto marcado pelo amadurecimento constante. Nelsinho Piquet: começou um desafio em 2008: correr por uma equipe que não é de seu pai.

GGOO - Brasileiro tem a fama de ser apaixonado por carros e, por consequência, automobilismo. Mas, com exceção da F-1, porque essa paixão não se reflete na presença de grandes públicos (pagante) a Interlagos nas demais categorias nacionais e regionais?

ANDREI SPINASSÉ - Tudo é questão de envolvimento. Tenho certeza de que se as pessoas acompanhassem um campeonato realmente, como fazem com os de futebol, iriam mais ao autódromo. Brasileiro é movido à torcida, na verdade. Para existirem torcedores, é necessária identificação. Sinto falta de um maior trabalho das equipes brasileiras nesse aspecto. A primeira coisa é haver estabilidade de pilotos, de carros, de cores. Categorias que mudam tudo constantemente não conseguem segurar fãs.

GGOO - Para você, qual é o futuro do automobilismo brasileiro?

ANDREI SPINASSÉ - O futuro depende da boa vontade de empresários, já que, nos últimos anos, a Confederação Brasileira de Automobilismo não atuou como deveria. Categorias como Stock Car e Truck só são o que são por causa de organizadores com boa visão de mercado. Alguns questionam a qualidade de ambas, mas é inegável que elas deram certo e têm parceiros fortes. A F-3 sul-americana viverá um ano de mudança com os novos chassis e a criação de uma divisão Light. Elas terão como preliminar a F-Universitária. É uma ótima notícia para a formação de pilotos de monopostos, algo deixado de lado ao fim da F-Renault em 2006.

GGOO - Fale um pouco mais sobre o livro "Em teu lar, Interlagos", de sua autoria. Existe a possibilidade de ele ser comercializado?

ANDREI SPINASSÉ - É um livro que aborda Interlagos não só como lugar de disputa de competições, mas principalmente como um local onde pessoas trabalham com prazer e vontade, fazem amigos, passam por experiências únicas. Entrevistei pessoas que encaram aquele autódromo realmente como uma casa, como Wilson Fittipaldi, Bird Clemente, Chico Rosa, Edgard Mello Filho. Há toda uma cronologia por trás, e o livro começa com as histórias do “Barão” e termina com as de Nelson Merlo e Pedro Enrique, pilotos que disputaram o título da F-3 sul-americana em 2008. Representando os torcedores, há Augusto Roque, da GGOO. Claro, há o lado esportivo, mas ele não é o mais valorizado. Pretendo achar uma editora em breve, já que, em 2010, o autódromo completará 70 anos de existência.

GGOO - Como foi ver a GGOO, da sala de imprensa de Interlagos?

ANDREI SPINASSÉ - Muito legal. Lembrei-me da minha época de arquibancada (durou até 2007). Para falar a verdade, é bem mais divertido estar no setor G que na sala de imprensa. Senti falta da zoeira no ano passado. Mas a sala de imprensa é o lugar dos jornalistas, então está ótimo. A melhor coisa é entrevistar os pilotos.

GGOO - Por fim, gostaríamos de agradecer a gentileza de nos conceder esta entrevista, solicitando que deixe um recado para a galera da GGOO.

ANDREI SPINASSÉ - Tenham uma ótima temporada. Não percam as primeiras corridas, de madrugada. Coloquem quatro despertadores para tocar ao mesmo tempo!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Foco condicionado


As ruas de São Paulo apresentam mensagens para quem gosta de automobilismo. Um olhar atento mostra ligações interessantes entre a cidade e as pistas. Na verdade, devem existir relações assim das mais variadas formas, mas o olhar de cada um condiciona o foco. O meu vê detalhes automobilísticos.

Percebi nesta semana que um senhor que sempre vejo na alameda Campinas, esquina com a Paulista, usa diariamente um boné de Giuliano Losacco, da Medley-A. Mattheis, de 2006. Lembro-me desse acessório porque ganhei um quando cheguei a Interlagos para ver a decisão do campeonato. O velhinho de bengala nem deve saber quem é Losacco...

Outra curiosidade é que uma concessionária da Honda na avenida Ibirapuera adota uniforme parecido com o da BAR Honda de 2005. O logotipo da Lucky Strike é estilizado, assim como foi em corridas em que era proibida a propaganda tabagista. Talvez os funcionários nem tenham conhecimento disso....

É claro que se eu não fosse um fã de automobilismo eu não perceberia esses detalhes.

segunda-feira, 9 de março de 2009

TV No Box



Tom Petty and the Heartbreakers tocam "Runnin' Down a Dream", música estradeira do primeiro álbum "solo" do líder da banda. Versão ao vivo de 2006.

"There's something good waiting down this road."

Barrichello do Hawaii


Não temos área de comentários no Tazio, mas muita gente manda e-mails comentando as notícias.

Alguns são engraçados, como este que acabei de receber: "Barrichello afirma na entrevista que vai mostrar quem ele realmente é. Mas se, de fato, isso acontecer, quem vai garantir a segurança dos demais pilotos?"

Não que eu concorde com o comentário, longe disso, mas é interessante constatar que Rubens Barrichello é quase um Engenheiro do Hawaii da F-1. Uns amam, outros odeiam, não há muito meio termo.

Ah, clique aqui e leia a entrevista. Há inclusive áudio.

sábado, 7 de março de 2009

Pouca verossimilhança


Vi "Quem quer ser um milionário", filme badalado por causa da conquista de Oscars. E uma cena me atraiu, na qual meninos furtam pneus de uma Mercedes e, durante esse furto, dizem algo como "Fórmula 1! Fórmula 1! Pit stop de Schumacher".

Tudo legal, tudo bem, mas essa cena passa-se na Índia dos anos 1990. Será que, naquela época, camadas baixas da sociedade indiana conheciam Michael Schumacher? Até porque, pelos meus cálculos, o tal momento retratado teria ocorrido em 1995 ou 1996. O alemão não era ainda o que se tornou na Ferrari. Era mais um bicampeão.

Foi curioso alguém citar F-1 em um filme como esse, não esperava. Mas vejo falta de verossimilhança. Pelo menos fiquei com um sorriso no rosto quando esse momento foi exibido.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Brawn GP deixa dúvidas


Há 22 horas a Brawn GP foi anunciada, um anúncio virtual, com release no site oficial. Faço os seguintes questionamentos:

- Por que o carro recebeu nome de BGP001? Será que a equipe pretende durar quase um milênio, chegando ao BGP999?

- Por que o logotipo fica em itálico depois do "Br"? Será que eles pensavam em fazer alguma mensagem subliminar com a Petrobras e esta caiu fora?

- Por que os investidores por trás do projeto, como a própria Honda, não foram anunciados? A montadora japonesa parece ter colocado dinheiro, caso contrário, aparentemente, não haveria verba suficiente.

- Por que Nick Fry ainda não foi confirmado nem saiu oficialmente? Ontem ele foi à entrevista coletiva da Fota no lugar de Ross Brawn.

- Por que não escolheram o nome Brackley GP ou algo do tipo? Eu teria gostado mais assim...

terça-feira, 3 de março de 2009

Roda gigante


A Honda Racing F1 está prestes a anunciar uma bomba: Jenson Button e Rubens Barrichello como pilotos. Como tudo mudou com a saída da montadora japonesa!

A novela Honda deu mais reviravoltas que qualquer mexicana, virando 360º. Só que, para dar uma volta completa, ela precisou de três meses. O giro demorou, e o carro não andou. A equipe ficou para trás e deve começar a temporada lá no fundo.

Bruno Senna foi quem mais rodou nessa história. Acreditou na contratação, largou a iSport da GP2 e nem sequer dará uma volta no novo carro. Terá de comemorar se conseguir uma vaga ao menos intermediária na categoria de base, senão ficará no zero, o que é demasiadamente ruim para alguém com carreira tão curta.

Uma semana após o carnaval, a ala das baianas continua presente na F-1. Mas será que existe um Salvador? Só sei que, no dia 29 de março, serão dadas as notas, e serão exibidas ao vivo pela TV Globo. Como sempre. Certas coisas não mudam.